Um pequeno grupo sentou-se à mesa para discutir o tópico do estudo bíblico da semana. A questão para discussão era: “Como Deus é e como devemos adorá-Lo?”
Sara falou primeiro: “Quando eu penso em Deus, penso em um avô com uma barba branca comprida. Ele nos vê como netos. Ele fica triste quando pecamos, mas nos ama e entende que nós estamos fazendo o nosso melhor. Eu não penso que Deus se importa com a forma que adoramos, contanto que mostremos que o amamos.”
Ana respondeu: “Eu penso que Deus é como um pai exigente. Ele não fica muito próximo dos Seus filhos, mas os observa para ver se estão obedecendo. Na adoração, nós precisamos mostrar que somos submissos e obedientes. Eu não gosto de músicas que tratam Deus como amigo; nós devemos lembrar que Ele é o nosso Mestre celestial, e nós somos os Seus servos! Eu vou à igreja para saber o que Deus espera que eu faça.”
Abigail não estava satisfeita com nenhuma dessas respostas: “Eu penso em Deus como um amigo. A Bíblia diz que Deus ama dar bons presentes aos Seus filhos. Eu vou à igreja para saber o que Deus quer fazer por mim. Eu oro e digo a Ele o que eu preciso. Eu ouço o sermão e as músicas para aprender como Deus irá abençoar a minha vida. Deus quer dar bons presentes; eu vou à igreja para recebê-los.”
Cada uma dessas mulheres tem uma concepção diferente de Deus. Por causa disso, cada uma tem uma expectativa diferente no culto.
Sara espera um Deus avô que não se preocupa muito com os detalhes da nossa adoração. No seu culto ideal, cada pessoa irá adorar da forma que pensa ser mais confortável. Sara ficaria surpresa com a adoração no Tabernáculo. Lá ela aprenderia que Deus se preocupa com cada detalhe da adoração.
Ana vê Deus como distante e ameaçador. Ela ficaria desconfortável com a linguagem íntima dos salmos e a honestidade das reclamações de Jó a Deus. Seu culto ideal irá manter uma distância entre o adorador e Deus. A oração será formal e estruturada. A música será grandiosa, mas impessoal. Ana não gostaria da comunhão íntima encontrada nas igrejas do primeiro século, as quais eram em casas.
Na mente de Abigail, Deus é um servo que ajuda nas necessidades humanas. Quando Abigail sai do culto, sua pergunta é: “O que eu ganhei aqui?” A música deve agradar seus gostos pessoais. A oração deve focar nas necessidades individuais. O sermão deve ser prático e deve falar com as suas necessidades sentimentais. Abigail ficaria desapontada com a adoração no templo. A adoração no templo era sobre levar sacrifícios a Deus, não era sobre Deus levar presentes ao homem.
Cada uma dessas mulheres busca um culto que reflete a sua concepção de Deus. O nosso entedimento sobre Deus tem um grande impacto na nossa adoração.
► Discuta a sua concepção de Deus. Como essa concepção afeta a sua adoração?
Nesta lição veremos duas questões:
(1) Quem nós adoramos?
Uma vez que a adoração dá a Deus a honra que lhe é devida, quanto mais o conhecemos, melhor estaremos equipados para a verdadeira adoração. Uma imagem distorcida de Deus leva a uma adoração distorcida.
A imagem bíblica da idolatria mostra esse princípio. Baal era o deus da fertilidade, o deus do excesso descontrolado. Como os profetas de Baal adoravam? Com emoção descontrolada e excessos. “Então passaram a gritar ainda mais alto e a ferir-se com espadas e lanças, de acordo com o costume deles, até sangrarem” (1 Reis 18:28).
(2) O que Deus requer de seus adoradores?
Visto que Deus é santo, como nós entramos em Sua presença? O que Deus requer daqueles que o adoram?
Falsos deuses como Baal e Moloque não eram santos; seus adoradores não precisavam ser santos. Os adoradores de Baal eram como Baal, moralmente impuros. Nós ficamos parecidos com o que adoramos.
O verdadeiro Deus é santo. Por causa disso, Ele requer um povo santo. Os adoradores de Jeová se tornam como Jeová; eles devem ser um povo santo que adora um Deus santo.
Quem Nós Adoramos?
[1]Imagine que você está admirando um lindo pôr do sol.[2] De repente você para de assistir ao pôr do sol para tirar uma fotografia de você mesmo: “Eu assistindo ao pôr do sol.” Isso é chamado de “selfie”, uma fotografia de você mesmo. Sua atenção que estava no pôr do sol, agora está em você. A pessoa que tira uma “selfie” está mais interessada na sua própria presença do que no evento que está assistindo.
Deus é digno da nossa melhor adoração. Mas quando nós focamos na qualidade da adoração e não no Deus que adoramos, criamos uma religião selfie: “Eu adorando a Deus.” Nós nunca devemos permitir que nossa preocupação pela excelência do nosso culto substitua o foco no Deus que adoramos!
C.S. Lewis escreveu sobre a idolatria de dar mais atenção ao culto do que a Deus. Mais recentemente, D.A. Carson alertou que podemos ser tentados a “adorar a adoração em vez de adorar a Deus.”[3]
A adoração não será verdadeira até que eu perca a mim mesmo na adoração a Deus. Na verdadeira adoração eu dou mais atenção a Deus do que na qualidade dos meus esforços em adorar. A verdadeira adoração foca em Deus, não na qualidade da minha experiência de adoração.
Assim como nós vimos na lição 1, o primeiro mandamento nos fala sobre quem adoramos. “Eu sou o SENHOR, o teu Deus… Não terás outros deuses além de mim” (Êxodo 20:2-3). Considerando que adorar significa dar a Deus a honra que Ele merece, um estudo sobre adoração deve começar perguntando: Quem Deus é? Quatro hinos no livro de Apocalipse dão uma resposta parcial à essa pergunta.
Nós Adoramos o Criador (Apocalipse 4)
► Leia Apocalipse 4 em voz alta. Tome tempo para imaginar a cena celestial. O que esse capítulo nos fala sobre o Deus que adoramos?
Com essa abertura do céu, Apocalipse 4 dá um vislumbre do Criador que adoramos.
O Criador é soberano.
Deus é entronizado acima do mundo. A palavra trono é usada 14 vezes nesse capítulo. Ele é o Senhor Deus todo-poderoso; Ele é soberano. A adoração deve sempre reconhecer a soberania de Deus. Na adoração, nós expressamos a nossa submissão ao Deus soberano. Ele é um Pai amoroso, mas Ele é soberano.
O Criador é santo.
Ao longo das Escrituras, Deus é visto como um Deus santo.
Deus diz aos israelitas: “Eu, o SENHOR, o Deus de vocês, sou santo” (Levítico 19:2).
Deus é louvado: “Tu, porém, és o Santo, és rei, és o louvor de Israel” (Salmos 22:3).
O profeta Isaías vê anjos adorando ao redor do trono: “Santo, santo, santo é o SENHOR dos exércitos, a terra inteira está cheia da sua glória” (Isaías 6:3).
O Apóstolo João vê nos céus onde os anciãos clamam: “Santo, santo, santo é o Senhor, o Deus todo-poderoso, que era, que é e que há de vir!” (Apocalipse 4:8).
Nós adoramos um Deus santo.
O Criador é eterno.
Ele era, é e há de vir (Apocalipse 4:8).
Davi apontou para a maravilha da criação como uma janela para ver a glória de Deus. “Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das suas mãos” (Salmos 19:1). O primeiro capítulo de Gênesis começa com Deus como Criador; o último livro da Bíblia nos lembra novamente que Deus é o Criador e que Ele irá reinar eternamente sobre a Sua criação.
Essa ênfase mostra o foco adequado da adoração. Nós, a criação, adoramos a Deus, o criador. A adoração adequada é sobre Ele, não sobre nós. Quando perdemos a nós mesmos na adoração ao Criador, novamente os céus declaram a Sua glória.
Nós Adoramos o Redentor (Apocalipse 5)
► Leia Apocalipse 5 em voz alta. O que essa cena majestosa nos fala sobre o Deus que adoramos?
Como cristãos, nós nunca devemos perder nossa capacidade de nos maravilharmos ao lembrarmos que o Rei do universo proveu a nossa redenção. Em Apocalipse 5, nós vemos o Cordeiro de Deus, o Redentor do mundo, ser adorado. Jesus é chamado de “Cordeiro” 28 vezes no livro de Apocalipse. Essa é uma das imagens centrais em Apocalipse.
Nós adoramos o Redentor pelo que Ele é.
Ele é o Leão de Judá, Ele é a Raiz de Davi, Ele é o Cordeiro que foi morto, Ele é o Cordeiro com sete chifres e sete olhos (Apocalipse 5:6), o símbolo da perfeição. Na adoração, nós honramos Jesus pelo que Ele é. Adoração é uma “celebração das perfeições gloriosas de Cristo” (John Piper).
Nós adoramos o Redentor pelo lugar onde Ele está.
Em Apocalipse 5:6, Jesus está no centro da adoração celestial. Ele está entre o trono, os quatro seres viventes e os anciãos. O autor de Hebreus dá a maravilhosa promessa de que o nosso advogado está assentado à direita do trono de Deus (Hebreus 12:2).
Nós adoramos o Redentor pelo que Ele fez.
Em uma tentativa de colocar o foco em Deus, alguns professores erroneamente sugeriram que nós devemos adorar a Deus apenas pelo que Ele é, não pelo que Ele faz por nós. João, o Revelador, mostra que a adoração celestial louva o Cordeiro pelo que Ele fez. “Digno é o Cordeiro que foi morto …” (Apocalipse 5:12).
Esse padrão é visto no livro de Salmos. Salmos 134 nos ordena a bendizermos o Senhor. Não nos dá uma razão; nós o louvamos, porque Ele é Deus. Isso é seguido pelos Salmos 135-136, os quais louvam a Deus pelo que Ele fez na história de Israel. O caráter de Deus, mas também Suas ponderosas obras, são dignas de louvor. Nós devemos louvar a Deus pelo que Ele é e pelo que Ele fez.
Nós Adoramos o Rei (Apocalipse 11:15-18)
Apocalipse 11 provê outra visão da adoração celestial. Nessa cena, os anciãos adoram o Rei, que tomou o Seu legítimo trono. Embora os reinos terrenos se rebelem contra Ele, eles deverão se render a Sua autoridade ao final. “O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre” (Apocalipse 11:15).
Nesse hino, o Rei é louvado pelo Seu julgamento justo sobre o mundo. Esse hino nos lembra que Deus reina com grande poder. Embora as nações estejam iradas, Deus as julga de forma justa.
A adoração deve ser em verdade. A verdadeira adoração não minimiza o julgamento maravilhoso de Deus. Novamente, a adoração de Apocalipse é consistente com a adoração de Salmos. Salmos 96 é uma nova canção ao Senhor. Nessa canção, Deus é louvado entre as nações. Ele é temido sobre todos os deuses. Ele é louvado, porque irá julgar o povo de forma justa. A verdadeira adoração sabe que devemos ter temor a Deus; nós o adoramos como Rei.
Nós Adoramos o Noivo Conquistador (Apocalipse 19:1-9)
Em uma pesquisa na escola bíblica, um professor perguntou: “Quantos de vocês gostam do livro de Apocalipse?” Poucos alunos levantaram a mão. Quando o professor perguntou: “Por que vocês não gostam de Apocalipse?” Um aluno respondeu: “É assustador!.”
A razão pela qual esses alunos pensam que Apocalipse é assustador se dá por ignoram as melhores partes do livro. Eles focam no julgamento que cai sobre os que se rebelam contra Deus. Isso é certamente uma mensagem importante em Apocalipse. Mas para os cristãos, a mensagem central de Apocalipse é a vitória final do nosso Deus!
Apocalipse 19 ilustra essa mensagem. O capítulo inclui uma descrição do lago de fogo que arde com enxofre (Apocalipse 19:20) e de aves que comem a carne de reis, generais e poderosos… (Apocalipse 19:18). Esse é o destino daqueles que se rebelam contra o rei. Para aqueles que adoram o rei em submissão reverente, Apocalipse 19 é uma canção de alegria. A grande prostituta que corrompia a terra com sua imoralidade (Apocalipse 19:2) é destruída. O noivo vence Seus inimigos e recebe sua noiva santa para o banquete do casamento do Cordeiro (Apocalipse 19:9).
Em resposta a essa grande vitória, João ouviu “algo semelhante ao som de uma grande multidão, como o estrondo de muitas águas e fortes trovões, que bradava: ‘Aleluia!, pois reina o Senhor, o nosso Deus, o Todo-poderoso. Regozijemo-nos! Vamos alegrar-nos e dar-lhe glória! Pois chegou a hora do casamento do Cordeiro, e a sua noiva já se aprontou’” (Apocalipse 19:6-7).
Na adoração, nós louvamos o noivo conquistador. Nossa adoração prevê o futuro que Jesus está preparando para a Sua noiva. Uma razão pela qual a adoração é importante é o empoderamento que ela nos dá para vivermos uma vida cristã vitoriosa em um mundo antagônico. Na adoração, nós lembramos que “a nossa cidadania, porém, está nos céus, de onde esperamos ansiosamente o Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Pelo poder que o capacita a colocar todas as coisas debaixo do seu domínio, ele transformará os nossos corpos humilhados, tornando-os semelhantes ao seu corpo glorioso” (Filipenses 3:20-21).
Esses quantro hinos em Apocalipse dão um vislumbre do Deus que adoramos. Na adoração, nós não focamos em nós mesmos, mas em Deus. Na adoração, nos prostramos diante do Criador; na adoração, nós louvamos o Redentor; na adoração, nós celebramos Cristo, o Rei; na adoração, nós prevemos a eternidade na presença do noivo conquistador.
Esse é o Deus que nós adoramos. Isso leva a algums perguntas: “Quem pode adorar? O que Deus requer daqueles que entram na Sua presença?”
[2]A maior parte desta seção foi adaptada de Real Worship, Warren Wiersbe (Grand Rapids: Baker Books, 2000), capítulo 5.
[3]Adaptado de Worship by the Book, D.A. Carson (Grand Rapids: Zondervan, 2002), 31.
O que Deus Requer do Adorador?
Em Sua conversa com a mulher samaritana,[1] Jesus fez uma afirmação extraordinária. Depois de falar a ela que os verdadeiros adoradores irão adorar o Pai em espírito e em verdade, Jesus disse que o Pai está procurando essas pessoas para adorá-Lo (João 4:23). Deus está procurando por um tipo específico de adorador: aquele que adora em espírito e em verdade. Deus procura adoradores.
Quais são as características que Deus procura naqueles que o adoram? Qualquer um pode ir ao culto; qualquer um pode cantar louvores; qualquer um pode orar. Porém, Deus deu diretrizes específicas do verdadeiro adorador. Um lugar onde as encontramos é Salmos 15.
► Leia Salmos 15. O que esse salmo nos fala sobre a vida do adorador?
Salmos 15 é um salmo litúrgico. Ele descreve uma conversa entre Deus e um adorador na entrada do templo. O adorador busca entrar no santo templo de Deus. Em resposta à pergunta do adorador “Quem habitará?”, Deus lista os requisitos para isso. Esse mesmo padrão é usado em Salmos 24:3-6 e Miquéias 6:6-8. Salmos 15 se divide em três partes:
1. Pergunta: Quem pode adorar?
2. Resposta: Uma descrição do adorador.
3. Observação de conclusão: Uma promessa ao adorador.
A Pergunta: Quem Pode Adorar? (Salmos 15:1)
Na entrada do tempo, um adorador pergunta: “SENHOR, quem habitará no teu santuário? Quem poderá morar no teu santo monte?” Essas perguntas indicam três qualidades do adorador.
O verdadeiro adorador é ciente do temor piedoso.
Esse salmo mostra que entrar na presença de Deus nunca é algo casual. O verdadeiro adorador entende que Deus é santo e nós estamos separados dEle.
Ao longo das Escrituras, há um senso de temor associado com a presença de Deus. No Monte Sinai, as pessoas foram alertadas para ficarem longe do monte onde Deus falava com Moisés (Êxodo 19:7-25). No Monte da Transfiguração, os discípulos tiveram muito medo (Mateus 17:6).
Para o crente, o temor piedoso não é um terror que afasta a pessoa da presença de Deus. Na verdade, é o respeito que faz com que o adorador se achegue a Deus em humildade. O adorador não deve ir à presença de Deus despreparado.
O verdadeiro adorador adora em humildade.
O adorador perguntou: “Quem poderá hospedar-se em teu tabernáculo?”[2] Hóspedes são estrangeiros em outro país. Eles são convidados que não possuem os direitos que um cidadão tem.
Salmos 15 requer que o adorador reconheça que ele é um convidado na presença de Deus. Porque Deus é santo e o Seu nome é santo, nós não merecemos estar ali. Qualquer que seja a nossa posição na vida, devemos entrar na presença de Deus com uma atitude de humildade. Somos os Seus convidados.
O verdadeiro adorador celebra a graça de Deus.
Porque nós reconhecemos a santidade de Deus, celebramos a Sua graça quando Ele nos recebe na Sua casa. O adorador que pergunta, “Quem poderá morar no teu santo monte?” a fez com a confiança de que ele seria convidado a entrar na casa de Deus. Deus havia estabelecido um relacionamento com Israel; a adoração judaica celebrava esse relacionamento gracioso.
Salmos 103 é um convite a adoração: “Bendiga o Senhor a minha alma!.” Salmos 103 contém um belo lembrete da graça que nos permite entrar na presença de Deus.[3]
“Como um pai tem compaixão de seus filhos, assim o Senhor tem compaixão dos que o temem; pois ele sabe do que somos formados; lembra-se de que somos pó” (Salmos 103:13-14). O Deus que nos formou do pó graciosamente nos chama para adorar! Quando adoramos, lembramos da graça de Deus. É a graça que permite que o pó entre na presença do Criador do universo.
A verdadeira adoração envolve temor, humildade e graça. Cada um desses aspectos da adoração foram vistos no templo. Os adoradores judeus tratavam o templo com respeito, pois ali estava a casa de um Deus santo.[4] Eles cuidadosamente se preparavam para a adoração, e assim, mostravam a humildade apropriada diante de Deus. Eles também celebravam na adoração. A adoração judaica era cheia de canto, instrumentos, ricos aromas e uma atmosfera que celebrava a graça de Deus pelo Seu povo.
Hoje, nós devemos entrar na casa de Deus com temor. Nós devemos reconhecer a nossa indignidade diante de Deus. Porém, a nossa adoração também deve celebar a graça de Deus, a qual nos recebe em Sua presença. Uma antiga liturgia da ceia do Senhor diz: “Nós viemos, não por sermos dignos, mas porque fomos convidados.” Essa é a adoração que celebra a graça de Deus.
A Resposta: Uma Descrição do Adorador (Salmos 15:2-5)
Em resposta à pergunta, “Quem habitará?”, Deus deu uma descrição do adorador. O adorador anda sem culpa diante de Deus. Ele é cuidadoso no seu tratamento com os outros. Rejeita aqueles que rejeitam a Deus, mas honra aqueles que temem a Deus. Ele busca moldar o ser caráter a partir do caráter de Deus. Aquele que verdadeiramente adora a Deus irá ser mais e mais como Ele.
Essa resposta nos lembra que a adoração afeta toda a vida. Entrar na presença de Deus requer obediência completa. Davi não conseguia imaginar uma pessoa que diz: “Eu sou filho de Deus, mas não vivo em submissão à lei de Deus.” As Escrituras não permitem que se diga: “Jesus é meu Salvador, mas Ele não é Senhor da minha vida.” Entrar na presença de Deus requer submissão à Sua autoridade.
O verdadeiro adorador vive uma vida piedosa.
Salmos 15:2 dá uma descrição geral do adorador. Aqueles que entram na presença de Deus devem andar sem culpa; isso indica uma vida de integridade em todas as áreas. Eles devem fazer o que é certo consistentemente. Eles devem falar a verdade no (ou a partir do) coração. Essas frases descrevem a vida contínua do adorador. Toda a vida é afetada pela adoração.
O verdadeiro adorador vive um relacionamento correto com a comunidade.
Assim como Davi não conseguia imaginar uma pessoa que dissesse, “Eu sou filho de Deus, mas não obedeço à Sua lei”, também não conseguia imaginar uma pessoa que dissesse, “Eu sou justo diante de Deus, mas não trato meus vizinhos com justiça.”
Aquele que entra na presença de Deus deve ser uma pessoa que vive um relacionamento correto com a comunidade. Ele:
Não usa a língua para difamar.
Não faz nenhum mal ao seu semelhante.
Não lança calúnia contra o seu próximo: não fofoca.
Rejeita quem merece desprezo.
Honra os que temem o Senhor.
Mantém a sua palavra.
Não explora o pobre com empréstimos injustos.
Não aceita suborno contra o inocente.
A pessoa que habita no santuário de Deus é justa, tanto interna como exteriormente. O verdadeiro adorador é íntegro. O verdadeiro adorador não permite que os ritos da adoração substituam a vida diária de obediência.
A Observação de Conclusão: Uma Promessao ao Adorador (Salmos 15:5)
Salmos 15 termina com uma promessa ao adorador: “Quem assim procede nunca será abalado” (Salmos 15:5). É prometida a proteção de Deus para aqueles que vivem em obediência a Ele. Salmos 15 faz um paralelo com Salmos 1, o qual descreve a piedade e a sua promessa de bênçãos de Deus aos piedosos.
Salmos 15 mostra o que Deus requer daqueles que o adoram. Esse salmo deve ser lido como uma ordem (isso é o que Deus requer) e como uma promessa (isso é o que Deus fará para aqueles que o pedem). À luz de Isaías 6, nós entendemos que é Deus quem empodera o adorador para obedecer; é Deus quem purifica lábios impuros; é Deus quem torna possíveis as demandas de Salmos 15. A verdadeira adoração depende da graça de Deus. Não é alcançada pelos nossos fracos esforços, mas pela graça de Deus na vida daqueles que buscam adorá-Lo. Nunca se esqueça da graça de Deus na adoração; o pai procura verdadeiros adoradores e o Pai torna a adoração possível.
Check-up
Pergunte a si mesmo: “Eu tenho o coração e as mãos de um verdadeiro adorador?” Leia Salmos 15 como um teste. Depois de cada frase, pergunte “Isso me descreve? Eu estou preparado para a adorar?”
Leia Salmos 15 novamente, como uma oração pessoal. “Senhor, empodere-me para andar sem culpa e fazer o que é certo… Dê-me graça para evitar a fofoca e a calúnia ….” Termine ouvindo a promessa de Deus: “Quem assim procede nunca será abalado.”
[1]A maior parte desta seção é adaptada de “The Worshipper’s Approach to God” de Ronald E. Manahan, encontrado no capítulo 2 de Authentic Worship, editado por Herbert Bateman. (Grand Rapids: Kregel Books, 2002).
[3]Essa observação está em “Worshipping God in Spirit”, de Richard Averbeck.
[4]No tempo de Jesus, esse respeito havia sido perdido e a entrada do templo havia se tornado em um mercado. Jesus expulsou os cambistas que desonraram o templo, tornado-o um “covil de ladrões” (Mateus 21:12-13).
Perigos na Adoração: Hipocrisia
Jesus falou com pessoas que se consideravam peritos na adoração. Os escribas e os fariseus eram cuidadosos em observar cada detalhe da adoração, tanto as ordens bíblicas quanto as tradições judaicas. Eles eram rápidos em condenar qualquer um que falhasse em seguir todos os detalhes dos rituais. Contudo, Jesus condenou a adoração deles, pois eram hipócritas.
Os fariseus reclamavam que os discípulos de Jesus não cumpriam os ritos cerimoniais de lavar as mãos. Jesus respondeu: “Hipócritas! Bem profetizou Isaías acerca de vocês, dizendo: 'Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Em vão me adoram; seus ensinamentos não passam de regras ensinadas por homens’” (Mateus 15:7-9). Os fariseus, como os falsos adoradores dos dias de Isaías, foram chamados de hipócritas por Jesus por causa de duas falhas:
1. A adoração era externa, não vinha do coração (Mateus 15:8).
2. A adoração era baseada na tradição humana, não nas ordens de Deus (Mateus 15:9).
Nós devemos ser cuidadosos e evitarmos o perigo da hipocrisia na adoração. Nossa adoração deve vir do coração e deve ser guiada por Deus, não pelas tradições que foram elevadas a um status igual o da Palavra de Deus.
Conclusão: Testemunhos de Adoradores
Se nós lermos Salmos 15 sem lembrarmos do papel da graça na vida cristã, poderemos ter a falsa ideia de que devemos conquistar o direito de adorar. Porém, Salmos 15 mostra o que Deus faz por nós (não o que fazemos) para sermos bem-vindos em Sua casa.
Quem é convidado para adorar? Veja alguns testemunhos surpreendentes de adoradores. Eles mostram que adoração não é sobre ser digno; adoração é sobre ir humildemente à presença de Deus e ser transformado pela Sua graça.
Um fariseu fala:
“Eu tenho certeza que você pode entender o porquê de eu me sentir ofendido pelo ensinamento de Jesus. Eu sou um homem bom. Eu não descumpro os mandamentos. Eu jejuo e dou o dízimo. Se alguém merece o favor de Deus, esse alguém sou eu! Eu vou à casa de Deus para mostrar que sou bom. Como Deus pode rejeitar a minha adoração?”
Um publicano fala:
“Honestamente, eu estou tão surpreso quanto o fariseu! Eu não tinha certeza se eu poderia entrar no templo. Eu fiquei o mais longe possível das pessoas boas. Esperava que ninguém me notasse. Eu busquei a misericórdia de Deus, mesmo não a merecendo. Para o meu espanto, fui para casa justificado. Minha vida foi transformada na adoração.”
Um homem rico fala:
“Eu dou muito dinheiro para o templo. Penso que Jesus deveria ficar impressionado com a minha oferta. Essa é a minha adoração. Quando eu coloco a minha oferta na caixa, todos sabem que o ‘Sr. Dinheiro’ está presente. Espero que Deus note o quanto eu dou!.”
Uma pobre viúva fala:
“Eu estava com vergonha de colocar a minha oferta na caixa. Eu tinha apenas duas pequenas moedas. Todos os outros estavam dando ofertas grandes; eu tinha quase nada. Mas adoração é sobre dar o nosso melhor a Deus. Não era muito, mas eu dei tudo o que tinha. Eu esperava que ninguém percebesse a minha pequena quantia, mas alguém percebeu. Jesus viu o que eu dei! Ele disse que eu dei mais do que todos os outros. Eu não tenho certeza do que Jesus quis dizer com aquela afirmação, mas fico feliz por ter dado o meu melhor!.”
Discussão em Grupo
► Para a aplicação prática desta lição, discuta o seguinte:
João é cristão há muitos anos. Ele sabe que ir à igreja, ler a Bíblia e orar são importantes, mas é difícil para ele sentir a presença de Deus nessas atividades. Elas parecem ser nada mais do que ritos. Como você pode ajudar João a ver Deus em sua adoração?
(1) O nosso entendimento sobre Deus é importante na adoração, porque uma imagem distorcida de Deus irá levar a uma adoração distorcida.
(2) A adoração deve estar focada em Deus, não na qualidade da nossa experiência de adoração.
(3) Apocalipse dá uma imagem da adoração celestial:
A adoração celestial adora o Criador, que é soberano, santo e eterno.
A adoração celestial adora o Redentor.
A adoração celestial adora o Rei.
A adoração celestial adora o Noivo conquistador.
(4) Salmos 15 é um salmo de adoração que resume os requisitos de Deus para os adoradores. Os verdadeiros adoradores:
Estão cientes do temor piedoso.
Adoram em humildade.
Celebram a graça de Deus.
Vivem vidas piedosas.
Vivem em um relacionamento correto com a comunidade.
Recebem a promessa de Deus de proteção e bênçãos.
Tarefas da Lição 2
(1) Salmos 120-134 são uma coleção de músicas para os peregrinos em viagem a Jerusalém. Esses salmos ensinam sobre a adoração em diferentes circunstâncias. Leia esses salmos enquanto responde às perguntas abaixo.
Salmo
Perguntas para Responder
120
Onde é Meseque e Quedar? Por que adorar em Jerusalém é importante para o peregrino que vive em Meseque ou em Quedar?
122
O que esse salmo ensina sobre a nossa atitude em relação à adoração?
123
O que o verso 2 ensina sobre o relacionamento do adorador com Deus?
124
O que você aprende nesse salmo sobre louvar em circunstâncias difíceis?
126
Como a adoração tem relação com missões entre as nações? Observe o verso 2.
130
Como esse salmo ensina sobre o papel da confissão na adoração?
131
Como o salmista se prepara para adorar? Quais são alguns passos práticos que você pode tomar para seguir esse modelo?
133
Salmos 133, João 17:20-23 e Efésios 4:1-16 falam sobre unidade e tudo relacionado à vida na igreja de alguma forma. Como a unidade tem relação com a adoração e a vida na igreja?
134
De que forma o salmo 134 é um final adequado para essa série de salmos de adoração?
(2) No começo da próxima lição, você fará um teste baseado nesta lição. Estude as perguntas do teste como preparação.
Teste da Lição 2
(1) Liste três coisas que aprendemos sobre Deus, o Criador, no hino de Apocalipse 4.
(2) Liste três motivos dados em Apocalipse 5 para adorar o Redentor.
(3) Qual é a mensagem central do livro de Apocalipse para os cristãos?
(4) Salmos 15 é um salmo litúrgico dividido em três partes. Liste as três partes.
(5) Qual é a atitude do adorador que entende que ele é um convidado na presença de Deus?
(6) Quais são as duas características importantes do verdadeiro adorador mostradas em Salmos 15:2-5?
(7) Por que Jesus chamou os fariseus de hipócritas?
(8) Escreva o texto de Apocalipse 5:9-14 de memória.
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